terça-feira, 31 de agosto de 2010

É preciso amar, só isso.

 É preciso ser forte.  É preciso ser criativa. É preciso ser insensível. É preciso ser inteligente. É preciso ser saudável. É preciso ser completa. É preciso ser líder. É preciso saber cantar e dançar. É preciso coordenar. É preciso está na frente. É preciso atenção. É preciso silêncio. É preciso ler mais. É preciso ser bonita. É preciso ser amável. É preciso responsabilidade. É preciso ser cuidada. É preciso ser respeitosa. É preciso ser convincente. É preciso ser conselheira e amiga. É preciso ter fôlego. É preciso calmaria. É preciso esperar. É preciso razão ao invés da emoção. É preciso fingir. É preciso desespero. É preciso força de vontade. É preciso rebolado. É preciso dessa vez, ser sensível. É preciso ser tanta coisa... Mas preciso mesmo é saber amar como se não houvesse amanhã. Por isso, ame seus amigos, ame sua vida, ame sua face, ame seu sorriso, ame o jeito que você anda, as coisas que você diz, as oportunidades que você tem, as história que você cria. Nessa vida, é preciso saber tudo, mas bom mesmo é não saber nada e lutar contra toda essa mesquinharia e obrigações na vida.

"Sou uma gota d'água
Sou um grão de areia
Você me diz que seus pais não entendem
Mas você não entende seus pais." (Legião)


segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Normal.

  Ele acordou aflito, menos cansado, ainda preguiçoso. Esfregou seus olhos, balançou a cabeça pra direita para tirar os fiapos dos olhos, sentou-se na cama, era como se fosse uma cena de filme ou aquilo que você faz toda manhã antes de pensar nos seus afazeres nas próximas dezoito horas. Olhou em sua volta. A cama bagunçada, as meias no chão, o copo com água ainda estava pela metade, arriscou em bebericar. Quase cuspiu. Estava quente demais.
 Sentia-se como o ponto central, a circunferência que formava em sua volta era apenas uma sinopse da sua vida nesse exato momento. O seu ambiente reflete o que você é. Era só caminhar entre os cômodos para encontrar vestígios de tristeza, incerteza, fúria, alegria, loucura, desorganização ou papéis de correspondência.
  O que ele queria mesmo era ultrapassar essa visão de futuro, deixar que seu corpo e sua mente fossem levados pela velocidade do vento, o impulso de certo alguém ou talvez, seu próprio impulso depois de uma transformação qualquer. Não dá pra confiar no futuro. O copo com água deveria estar cheio, frio. 
  Pegou a bicicleta. Eram apenas 5 horas da tarde, o sol caíra, o tempo passou tão rápido pra ele hoje... Não iria trocar à roupa, muito menos lavar a cara, simplesmente pegou as chaves, fechou a porta.
 Pedalou cerca de cinco minutos. Dessa vez, ofegava menos do que o normal.
 Bi!
 Por que estava andando no meio da pista?
 Bi! Denovo.
 Parou na padaria. Dois pães. Um litro de leite. Uma barra de cereal. Esse mês, ele resolveu não fazer compras do mês.
Tirou a bicicleta do meio fio e seguiu pra casa. Ele não iria arrumar nada, não iria pôr em ordem nada, nem sua casa, nem sua vida, nem sua situação amorosa. Confiar no futuro? Acha que sim. Vale esperar pela pessoa que irá tirar suas meias do chão, fazer café, comprar o pão, beijar sua boca, arrancar seu edredom. O copo com água deveria está gelado e preparado para conter as chamas quando esse seu sonho de vida se realizar.

“ A boa é se divertir
Lançar mais uma tattoo
Mandar os problemas e geral tomar no cu
Vou me largar no sofá
Tomar um mate-limão
Reflito um pouco e chego a uma conclusão.” ( Forfun)

domingo, 29 de agosto de 2010

Frequentemente abaixo

A lágrima tem estado com maior freqüência do que qualquer outro momento na minha vida. Isso não sugere que esteja passando  por nenhum momento inesperado sequer decepção. Decepção ainda posso pensar.  Esqueci o que é viver com alegria, aproveitar o tão sonhado dia de descanso que clamo quando a rotina aperta e me sinto exausta e isso é decepcionante.
Ultimamente tenho preferido o grito do que a euforia, a lágrima pelo abraço, o escuro pelo claro. Acabei de ver o relógio eram 16:16. E agora? 16:26. Já se passaram dez minutos e eu não o aproveitei. Não consigo alcançar meus objetivos, conseguir com êxito cumprir metade das promessas que desejei para o dia, para o mês, para o pensamento. Como não consigo  traçar uma reta, me vestir de vetor e cumprir esse trajeto ? Minha literatura está ficando exausta, minha mente ainda mais. E o pior, é pensar como resolver essa situação, não há resposta porque a pergunta ainda não foi feita.
Abro janela e o simples fato de abrir a janela, ver o sol raiar, olhar para o lado e ver a paisagem, a lágrima cai. O que falta para me completar ? O que o futuro reserva pra mim ?
Eu só desejo não deixar de ser quem sou, era feliz por ser quem era, sou feliz por tentar ser alguém. Estou vivendo de músicas de amor que não marcam minha vida mais, não sei mais qual é o meu talento nem o que quero ser daqui por diante. Preciso devorar livros, combinar as palavras num sentido melhor, agradecer por estar viva, entender o que passa na minha mente. A minha vontade é ver o mundo lá fora. Mas, infelizmente, o mundo não quer que eu participe dessa sua rota iluminado pelo sol. Por isso, não vivo anos, vivo noites, vivo escuros, vivo o que tenho que viver e não o que escolhi.
É necessário mesmo passar por essas revisões de vida ? Se eu não me entendo... Quem será o indivíduo que poderá entender ? Quem será que viverá os dias entediados comigo ? Continuo a dizer que está um sol lindo lá fora...
Sinto muito em escrever palavras depressivas durante esses minutos, sinto que precisem ler o que meus olhos temem em falar, sinto em dizer que não sou mais eu. Desejo coisas tão fúteis hoje que me envergonho. Nem os mais próximos me entendem porque não consigo decifrar esse enigma dificultoso que me assombra há tempos, que embala o sábado à noite. Por que tudo acontece de uma vez ?
Os poucos que ainda me agüentam, já não entendem e sugere que me mova. Não há mais forças. Já disse. Há um dia lindo lá fora e não sei como aproveitá-lo.
São 16:38, saber que o tempo está passando e que não há boas lembranças para os últimos 20 minutos e o resto dos dias antecedentes é assustador demais para uma alma pesada que auréola está aqui, bem aqui em cima, sonhando em ter segundos de fantasia e fuga...

Nada a temer
Senão o correr da luta
Nada a fazer
Senão esquecer o medo
Abrir o peito à força
Numa procura
Fugir às armadilhas da mata escura ( Milton Nascimento) "

Imperativo

Leis de física me atordoam
Descubro que já muito mais diante disso
Toda essa teoria de educação,
desnecessária e obrigatória.
Pode ser chamada de ignorância...
Por favor, me chamem de Clarice

Quem disse que não sei ser quem sou?
Quem ditou esse método imundo de criar cidadãos?
Onde está a subjetividade da vida ?
Por favor, me chamem de Clarice.

E a partir de agora,
criam um mundo exaustivo.
Meus versos vão ficando mais brancos...

" Tenho medo dessa desorganização profunda." (Clarice Lispector)

Questionamento infinitesimal

Papel e caneta na mão, tempo livre e desconectado. Me sinto um substantivo qualquer, que na mente, não descobre a palavra certa para se definir. Definição, descrição, evidência, transparência. É isso que eu preciso antes de mais nada. É isso que me perturba durante meus diálogos em que só eu falo e o amigo só escuta. É essa minha fase hoje.

As vezes ando só
Trocando passos
Com a solidão
Momentos que são meus
E que não abro mão... ( Ana Carolina ) "