segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Normal.

  Ele acordou aflito, menos cansado, ainda preguiçoso. Esfregou seus olhos, balançou a cabeça pra direita para tirar os fiapos dos olhos, sentou-se na cama, era como se fosse uma cena de filme ou aquilo que você faz toda manhã antes de pensar nos seus afazeres nas próximas dezoito horas. Olhou em sua volta. A cama bagunçada, as meias no chão, o copo com água ainda estava pela metade, arriscou em bebericar. Quase cuspiu. Estava quente demais.
 Sentia-se como o ponto central, a circunferência que formava em sua volta era apenas uma sinopse da sua vida nesse exato momento. O seu ambiente reflete o que você é. Era só caminhar entre os cômodos para encontrar vestígios de tristeza, incerteza, fúria, alegria, loucura, desorganização ou papéis de correspondência.
  O que ele queria mesmo era ultrapassar essa visão de futuro, deixar que seu corpo e sua mente fossem levados pela velocidade do vento, o impulso de certo alguém ou talvez, seu próprio impulso depois de uma transformação qualquer. Não dá pra confiar no futuro. O copo com água deveria estar cheio, frio. 
  Pegou a bicicleta. Eram apenas 5 horas da tarde, o sol caíra, o tempo passou tão rápido pra ele hoje... Não iria trocar à roupa, muito menos lavar a cara, simplesmente pegou as chaves, fechou a porta.
 Pedalou cerca de cinco minutos. Dessa vez, ofegava menos do que o normal.
 Bi!
 Por que estava andando no meio da pista?
 Bi! Denovo.
 Parou na padaria. Dois pães. Um litro de leite. Uma barra de cereal. Esse mês, ele resolveu não fazer compras do mês.
Tirou a bicicleta do meio fio e seguiu pra casa. Ele não iria arrumar nada, não iria pôr em ordem nada, nem sua casa, nem sua vida, nem sua situação amorosa. Confiar no futuro? Acha que sim. Vale esperar pela pessoa que irá tirar suas meias do chão, fazer café, comprar o pão, beijar sua boca, arrancar seu edredom. O copo com água deveria está gelado e preparado para conter as chamas quando esse seu sonho de vida se realizar.

“ A boa é se divertir
Lançar mais uma tattoo
Mandar os problemas e geral tomar no cu
Vou me largar no sofá
Tomar um mate-limão
Reflito um pouco e chego a uma conclusão.” ( Forfun)

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