segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Carpe Diem

 Eram exatamente 9 da manhã quando ele acordou, coçou os olhos e viu a porção de raios que adentravam pela janela. Dia de praia. Dia de sol. O tempo dava apenas para um copo de leite rápido.  Pegou a bicicleta, prancha na mão.
Depois de passada quase uma hora todos eles estavam ali, sorridentes, amigos e companheiros. Uns altos, outros baixos, louros ou morenos, cheio de alegrias, cheios de hormônios, cheios de cantadas. Aproveitando o tão esperado dia de sol, praia lotada e dali a pouco começariam a criar mais histórias que elas adoram e as deixam tão boquiabertas com a capacidade deles se aproveitarem tanto.
Elas? Sim, elas. As do outro lado da moeda que num dia como esse de sol preferem antes de tudo, ler o horóscopo, passar a máscara facial, tomar um belo café da manhã, passar quarenta minutos na escolha de um biquíni, ver o Orkut e ligar para todas as amigas parceiras de praia para saber de todos os preparativos e depois de tudo isso... O sol já está quase indo!
Mas no final, lá estão eles todos juntos, paquerando, rindo, curtindo nem que seja só para o pôr-do-sol.
Incrível a capacidade dos homens serem mais práticos e aproveitadores, não é mesmo ?
Incrível a capacidade das mulheres tornarem os homens tão dependentes, não é mesmo ?
Incrível essa união de sexos que deixam as melhores amizades do mundo, não é mesmo ?


Se Deus quiser, um dia eu quero ser índio
Viver pelado pintado de verde, num eterno domingo
Ser um bicho-preguiça, espantar turista
E tomar banho de sol, banho de sol, banho de sol, sol."


Enfim, férias!

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

1995

" Eu adoraria não estar aqui, não vê que isso realmente esteja acontecendo. Eu... Olá, Boa noite. Acho que é assim que começa. Se apresentando... Introduzindo a vítima pra depois contar do crime. Eu ? Eu só aquela que não foi, aquela que não anteviu o estrago."

Isso é só o outro lado da face, a cara, o avesso, a vontade. Uma cadeira. Uma luz. Você. E o outro lado da face. Um bem que eu não quero perder.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Vamos esquecer um papel preto e vermelho ?


De alguma forma é importante ter paradas próprias,  fazer um ‘’pit stop’’ entre  as esquinas da rotina devido um vem e vai frequente de obrigações, um tráfego imenso de problemas, dúvidas, desejos que tornam tudo mais estressante e cansativo sem se importar com todas as conseqüências que isso trará.
Apesar de todo um ar provinciano dos seus programas não há como negar a estafa e ânsia até mesmo enquanto rola na cama e sem querer escuta o despertador, ainda é escuro e os carros começam a passear em toda sua massa cerebral. Está na hora das luzes da cidade acender e deixar tudo mais tranqüilo e ordenado possível.
Pior que quando comparada esta sua situação com outras pessoas poderá se sentir frágil e inútil graças aos resultados ou quantidade de esforços, o que é lastimável.
Parada obrigatória: Uma espécie de necessidade para quem começa a guiar-se sozinho e entender que daqui pra frente tudo será mais rápido, com gás, mais pressa.

Por isso, enquanto garantirem que ainda há uma milimétrica possibilidade de parada, eu pararei, diafragma relaxado, uma vontade de não fazer nada... Até que os carros comecem a passear de novo por toda massa cerebral e diante a necessidade extrema vir o movimento, de certo alguém que só está tentando adequar-se a tudo que permite e deseja.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

8.

Cético, ceticismo...
Descobri o que define meus dias, meus minutos.
Resolvi por um momento deixar, não me esforçar tanto ou perder a cabeça por algo tão comum e rotineiro, estarei tranquila e consciente, tenho certeza que parte do que esperava já foi feito, falta ainda é claro, mas nada que seja inadiável. E ponto. Só. Não tenho nenhuma imagem guardada na minha mente pra ser descrita, vou mergulhar em livros.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Olhar...

  Sorrir numa tarde nublada, numa cadeira há mais de três horas sentada e poder sentir a maior alegria dentre os últimos cinco dias é ligeiramente engraçado. Quando a vida ti dá superficialmente motivos para se sentir nem que seja por um só segundo com um humor pior que o normal, ela sorrateiramente ti dá mais dias e dias pra entender que tudo que existe é maravilhoso, com o tempo, tudo se encaixa, se transforma, revitaliza e talvez essas mudanças sejam a maior jogada existente no seu ciclo vital. A mudança, a vontade de querer sentir o inesperado, de viver o que está ali, ali bem na sua frente e que por um segundo idiota você deixou passar...
  Abra os olhos, observe o movimento dos seus cílios abrirem e fecharem, o brilho dos seus olhos enxergarem a melhor forma de viver, ou senão, espere as flores depois de um longo inverno...

" A manhã me socorreu com flores e aves 
Suaves, soltas, em asa azul 
Borboletas em bando 
Diz que pedra não fala 
Que dirá se falasse 
Eu, Ama? Me ama." (Djavan) 

domingo, 3 de outubro de 2010


- Andar com pedaços de papel entre as folhas de cadernos e livros que mofam na minha mochila  é a mais simples forma de guardar toda ideia que percorre meus dias, o aparecimento de medos, as soluções, as análises, as críticas. Sinto que até hoje não consigo arquivar as alegrias, a ânsia, o sorriso. Tudo bem. A melhor forma de registrá-la está no meu sorriso e no abraço apertado que dou de presente há quem provoca isso.

- Eu gosto dessa minha figura revoltada. Estar fria e observadora não significa ser ou se sentir abandonada. Esse meu olhar que esporadicamente se torna objetivo e analisador me mantém mais feliz que um sorriso largo e amarelado ao som de músicas patéticas. Deve ser os livros que leio, talvez. O importante é a minha vitória todos os dias, viver, da melhor forma possível  sem deixar de lado a vontade de caminhar firmemente sem que o mundo perceba quão insegura sou.

- Viver da má interpretação é muito pior que viver desacreditada. Ainda há uma gota a mais de esperança para chegar o inesperado do que mudar um linha de raciocínio reduntante e masoquista.

sábado, 2 de outubro de 2010

Ducha

Querer e não poder. Conviver com a necessidade e vontade insuficiente pra mudar de vida ou torná-la mais surpreendente. Vontade de correr no vento ou senti-lo pelas janelas do carro. Tudo. Nada. Desejo e mais desejos que nesse instante são inalcançáveis.
" O mundo é vão
E tudo é só um oco absurdo
Não mais me vejo assim
Tô a pé, mas chego onde vou." (Djavan) 

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Pouca sanidade...

E se for pra tentar registrar ou codificar tudo que se passa na mente para o papel seria amplo e cansativo demais e até  um pouco contraditório, uma vez que cada dia passa, a cada hora que passa, ou até questão de minutos as idéias vão e vem, ah... e elas são loucas, fogem do normal.
Confesso que estou tentando não transformar minhas linhas num divã, mas confesso também que está um pouco difícil. Percebo o quanto auto-suficiente deveria ser e não sou, o quanto me magôo por coisas que poderia considerar insignificantes mas por elas, me tremo toda, como mais que o normal, escuto músicas que passam pelas minhas veias velozmente e passo uma imagem para as pessoas que não sou.
É tudo uma questão de conserto, falta a chave para isso tudo. Ou não.

"
Deixe viver, deixe ficar, deixe estar como está...
deixe viver, deixe ficar, deixe está como está!. " ( Charlie Brown)

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

E... ?

 Ainda chovia enquanto ela rolava de um lado para o outro da cama. A chuva era fina, porém as gotas caíam mais fortes que o normal para uma chuva fina. O tic tac do relógio da mesma maneira  e aquela mulher ali deitada, apenas gemeu e abriu os olhos.
   A realidade era que Joana, aquela mulher ali deitada,  via tudo acontecendo da sua cama, rolando de um lado para o outro. A chuva fina crescente, o relógio e num exato instante, o celular. Surpresa, o atendeu sem hesitar:
 ---  Alô.
A ligação já era esperada e o nome que ali apareceu acompanhado de um toque qualquer de um celular barato, idem.
A pessoa do outro lado, respondeu:
--- Tudo bem ?  
--- Realmente ironia é seu ponto átono, não sabe aplicá-la! Mas olha aqui, se você acha que eu vou cair nesse seu joguinho complexo...
--- Por favor, tem como me escutar ? --- O rapaz do outro lado parecia ter mudado seu humor, a partir da voz ativa de Joana, agora, a voz era trêmula e ofegante.
--- Sinto muito, mas prefiro não conviver com esse tipo de situação angustiante e nem adianta falar nada e nem que vai fazer melhor ou pior porque pra mim, não tem mais nem atitude nem palavra no mundo que console essa sua imaturidade. OK ?
  Joana estava com raiva, deixava de ter aquela feição de cansada que tinha há 5 minutos enquanto rolava de um lado para outro da cama.
---  NÃO HÁ NINGUÉM NO MUNDO QUE A AME MAIS DO QUE VOCÊ MESMA! Eu só quero brincar de espelho e observar detrás tudo que fazes e amar isso...Até o momento que esse espelho fique sujo e me impeça de enxergar realmente quem você é.
--- Então já estou cega há muito tempo! Meu tempo tá curto demais pra entender essa sua filosofia vasta...
--- Não precisa parar da entender, nem falar nada. O espelho já tá sujo, nós sabemos disso.


 Joana se levantou da cama, abriu as janelas e a chuva ainda caira... No fundo, sabia que não existia mais esse tipo de relacionamento envolvido por palavras, metáforas muito menos qualquer tipo de demonstração de afeto. O jeito agora, seria se adequar a uma nova situação que lhe foi imposta.

"O que você precisa é de um retoque total
Vou transformar o seu rascunho em arte final
Agora não tem jeito "cê" tá numa cilada
É cada um por si você por mim e mais nada. (Kid Abelha)."


domingo, 19 de setembro de 2010

Yes ?

Sim. Você pode sair sim.Você pode escolher quais matérias estudar. Você pode comer tudo que quer. Você pode cantar bem alto e sua mãe não mandará abaixar o som. Você pode assistir só os canais que você quer na tv.Sim, você pode escolher quem você quer brincar de ser. Você pode separar seus amigos e criar uma barreira para que não convivam com pessoas escrotas, sim. Você pode ir para um show na chuva. Você pode confabular com seus amigos. Você pode conhecer o Djavan. Sim, você pode dançar sem se preocupar com as pessoas. Sim, isso tudo é um sonho e você não pode fazer isso.Ah, mas você pode sonhar sim...

Essa cor que azuleja o dia?
Se acaso anoitecer
Do céu perder o azul
Entre o mar e o entardecer
Alga-marinha vá na maresia
Buscar ali um cheiro de azul
Essa cor não sai de mim
Bate e finca pé
A sangue de rei." (Djavan)

sábado, 11 de setembro de 2010

Dessa vez, o discurso é bem direto.

O certo que é incerto já não insiste mais. O certo que deveras ser não é, isso é lamentável. Ou não. Os trilhos estão frágeis, a mente também. Um sonho, um medo, uma questão, uma icognita, uma vontade, um feeling. De que adianta correr para acabar sempre no mesmo lugar ? É um ciclo vasto e vazio.
Hoje, posso tirar o coração desse monólogo. Restam apenas o corpo e a mente, e infelizmente, ambos pedem algo indecifrável. E o ciclo vai continuando... como todos os outros.
Relaxe. É apenas a idade.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Asas

Ela acredita em anjo. Num anjo que ainda não chegou. Quer dizer, já acreditou em pessoas que poderiam ser anjo. Não foram. Melhor, não são. Ou melhor, são e ela não os reconheceram ? Enfim. A tentativa é encontrar um anjo, encontrar abrigo e proteção. Uma risada leve, uma sintonia indescritível e um amor infinito.

"Por isso estou aqui
Vim cuidar de você
Te proteger, te fazer sorrir
Te entender, te ouvir
E quando tiver cansada

Cantar pra você dormir. " (Eva)

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

O que mais importa pra você ?

Descubro que não há nada mais grandioso que a beleza de um amigo. Um abraço, um convite,  uma palavra, um sorriso, uma ligação inesperada ou apenas uma rua de distância faz muito bem a um coração. E acredite, se essas formas de carinho vierem de alguém que você escolheu para ser seu irmão significará muito mais. Devo dizer que não mereçam linhas e linhas de declarações de amor --- Deixaremos isso para os causos de paixonite aguda. Amigos conseguem dizer muito mais nas suas atitudes que quase sempre nem imaginamos que estas existiriam.
Chegará um dia que estarei muito mais só do que hoje. Fecharei meus olhos e irei lembrar  de uma união que participei por muitos anos marcada de suor, risos, abraços, rabiscos, palavrões, equações matemáticas, símbolos, gestos. Não sei o porquê de uma análise rápida quanto a isso hoje, uma vez que é um ciclo vicioso de amizade e palavras não descrevem quase nada. Sei que meu débito com vocês nunca acabará, já que não existe peso nem medida que recompensem um sorriso largo e momentos de felicidade.

Foi um dia desses que eu descobri que eu tenho sorte, sou apaixonada pelos meus melhores amigos.” (Anne Caroline, 20h49min, 03/09/2010).

terça-feira, 31 de agosto de 2010

É preciso amar, só isso.

 É preciso ser forte.  É preciso ser criativa. É preciso ser insensível. É preciso ser inteligente. É preciso ser saudável. É preciso ser completa. É preciso ser líder. É preciso saber cantar e dançar. É preciso coordenar. É preciso está na frente. É preciso atenção. É preciso silêncio. É preciso ler mais. É preciso ser bonita. É preciso ser amável. É preciso responsabilidade. É preciso ser cuidada. É preciso ser respeitosa. É preciso ser convincente. É preciso ser conselheira e amiga. É preciso ter fôlego. É preciso calmaria. É preciso esperar. É preciso razão ao invés da emoção. É preciso fingir. É preciso desespero. É preciso força de vontade. É preciso rebolado. É preciso dessa vez, ser sensível. É preciso ser tanta coisa... Mas preciso mesmo é saber amar como se não houvesse amanhã. Por isso, ame seus amigos, ame sua vida, ame sua face, ame seu sorriso, ame o jeito que você anda, as coisas que você diz, as oportunidades que você tem, as história que você cria. Nessa vida, é preciso saber tudo, mas bom mesmo é não saber nada e lutar contra toda essa mesquinharia e obrigações na vida.

"Sou uma gota d'água
Sou um grão de areia
Você me diz que seus pais não entendem
Mas você não entende seus pais." (Legião)


segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Normal.

  Ele acordou aflito, menos cansado, ainda preguiçoso. Esfregou seus olhos, balançou a cabeça pra direita para tirar os fiapos dos olhos, sentou-se na cama, era como se fosse uma cena de filme ou aquilo que você faz toda manhã antes de pensar nos seus afazeres nas próximas dezoito horas. Olhou em sua volta. A cama bagunçada, as meias no chão, o copo com água ainda estava pela metade, arriscou em bebericar. Quase cuspiu. Estava quente demais.
 Sentia-se como o ponto central, a circunferência que formava em sua volta era apenas uma sinopse da sua vida nesse exato momento. O seu ambiente reflete o que você é. Era só caminhar entre os cômodos para encontrar vestígios de tristeza, incerteza, fúria, alegria, loucura, desorganização ou papéis de correspondência.
  O que ele queria mesmo era ultrapassar essa visão de futuro, deixar que seu corpo e sua mente fossem levados pela velocidade do vento, o impulso de certo alguém ou talvez, seu próprio impulso depois de uma transformação qualquer. Não dá pra confiar no futuro. O copo com água deveria estar cheio, frio. 
  Pegou a bicicleta. Eram apenas 5 horas da tarde, o sol caíra, o tempo passou tão rápido pra ele hoje... Não iria trocar à roupa, muito menos lavar a cara, simplesmente pegou as chaves, fechou a porta.
 Pedalou cerca de cinco minutos. Dessa vez, ofegava menos do que o normal.
 Bi!
 Por que estava andando no meio da pista?
 Bi! Denovo.
 Parou na padaria. Dois pães. Um litro de leite. Uma barra de cereal. Esse mês, ele resolveu não fazer compras do mês.
Tirou a bicicleta do meio fio e seguiu pra casa. Ele não iria arrumar nada, não iria pôr em ordem nada, nem sua casa, nem sua vida, nem sua situação amorosa. Confiar no futuro? Acha que sim. Vale esperar pela pessoa que irá tirar suas meias do chão, fazer café, comprar o pão, beijar sua boca, arrancar seu edredom. O copo com água deveria está gelado e preparado para conter as chamas quando esse seu sonho de vida se realizar.

“ A boa é se divertir
Lançar mais uma tattoo
Mandar os problemas e geral tomar no cu
Vou me largar no sofá
Tomar um mate-limão
Reflito um pouco e chego a uma conclusão.” ( Forfun)

domingo, 29 de agosto de 2010

Frequentemente abaixo

A lágrima tem estado com maior freqüência do que qualquer outro momento na minha vida. Isso não sugere que esteja passando  por nenhum momento inesperado sequer decepção. Decepção ainda posso pensar.  Esqueci o que é viver com alegria, aproveitar o tão sonhado dia de descanso que clamo quando a rotina aperta e me sinto exausta e isso é decepcionante.
Ultimamente tenho preferido o grito do que a euforia, a lágrima pelo abraço, o escuro pelo claro. Acabei de ver o relógio eram 16:16. E agora? 16:26. Já se passaram dez minutos e eu não o aproveitei. Não consigo alcançar meus objetivos, conseguir com êxito cumprir metade das promessas que desejei para o dia, para o mês, para o pensamento. Como não consigo  traçar uma reta, me vestir de vetor e cumprir esse trajeto ? Minha literatura está ficando exausta, minha mente ainda mais. E o pior, é pensar como resolver essa situação, não há resposta porque a pergunta ainda não foi feita.
Abro janela e o simples fato de abrir a janela, ver o sol raiar, olhar para o lado e ver a paisagem, a lágrima cai. O que falta para me completar ? O que o futuro reserva pra mim ?
Eu só desejo não deixar de ser quem sou, era feliz por ser quem era, sou feliz por tentar ser alguém. Estou vivendo de músicas de amor que não marcam minha vida mais, não sei mais qual é o meu talento nem o que quero ser daqui por diante. Preciso devorar livros, combinar as palavras num sentido melhor, agradecer por estar viva, entender o que passa na minha mente. A minha vontade é ver o mundo lá fora. Mas, infelizmente, o mundo não quer que eu participe dessa sua rota iluminado pelo sol. Por isso, não vivo anos, vivo noites, vivo escuros, vivo o que tenho que viver e não o que escolhi.
É necessário mesmo passar por essas revisões de vida ? Se eu não me entendo... Quem será o indivíduo que poderá entender ? Quem será que viverá os dias entediados comigo ? Continuo a dizer que está um sol lindo lá fora...
Sinto muito em escrever palavras depressivas durante esses minutos, sinto que precisem ler o que meus olhos temem em falar, sinto em dizer que não sou mais eu. Desejo coisas tão fúteis hoje que me envergonho. Nem os mais próximos me entendem porque não consigo decifrar esse enigma dificultoso que me assombra há tempos, que embala o sábado à noite. Por que tudo acontece de uma vez ?
Os poucos que ainda me agüentam, já não entendem e sugere que me mova. Não há mais forças. Já disse. Há um dia lindo lá fora e não sei como aproveitá-lo.
São 16:38, saber que o tempo está passando e que não há boas lembranças para os últimos 20 minutos e o resto dos dias antecedentes é assustador demais para uma alma pesada que auréola está aqui, bem aqui em cima, sonhando em ter segundos de fantasia e fuga...

Nada a temer
Senão o correr da luta
Nada a fazer
Senão esquecer o medo
Abrir o peito à força
Numa procura
Fugir às armadilhas da mata escura ( Milton Nascimento) "

Imperativo

Leis de física me atordoam
Descubro que já muito mais diante disso
Toda essa teoria de educação,
desnecessária e obrigatória.
Pode ser chamada de ignorância...
Por favor, me chamem de Clarice

Quem disse que não sei ser quem sou?
Quem ditou esse método imundo de criar cidadãos?
Onde está a subjetividade da vida ?
Por favor, me chamem de Clarice.

E a partir de agora,
criam um mundo exaustivo.
Meus versos vão ficando mais brancos...

" Tenho medo dessa desorganização profunda." (Clarice Lispector)

Questionamento infinitesimal

Papel e caneta na mão, tempo livre e desconectado. Me sinto um substantivo qualquer, que na mente, não descobre a palavra certa para se definir. Definição, descrição, evidência, transparência. É isso que eu preciso antes de mais nada. É isso que me perturba durante meus diálogos em que só eu falo e o amigo só escuta. É essa minha fase hoje.

As vezes ando só
Trocando passos
Com a solidão
Momentos que são meus
E que não abro mão... ( Ana Carolina ) "